quinta-feira, 14 de julho de 2011

Vou pra casa da vovó

Chega de tanta injustiça
de castigo e confusão!
Vou pra casa da vovó,
não tem outra solução!

Estou mesmo decidido
e pra sempre eu me mudo.
Aqui eu não posso nada
e por lá eu posso tudo!

Posso comer chocolate,
posso até me empanturrar.
Posso comer sobremesa
até antes do jantar.

Mesmo que eu faça bagunça,
vovó não briga comigo.
Se eu beliscar o irmãozinho,
vovó não me põe de castigo!

Vou fazer a minha mala,
meu carrinho eu vou levar.
Vou levar o meu cachorro
e o meu jogo de armar.

Vou levar meu travesseiro,
levo também meu pião,
pego os meus livros de história
e o meu time de botão.

Levo as coisas que eu gosto,
pra ter tudo sempre a mão:
levo também o papai,
a mamãe e o meu irmão!
Composição Ana Canéo

Imaginação

Tudo o que você quiser,
Você pode conseguir:
O sol nascer sempre bonito,
A chuva parar de cair...
Use e abuse da sua imaginação.

Eu quero ir para lua,
Use a imaginação.
Eu quero viajar de navio,
Use a imaginação.
Use e abuse da sua imaginação.

E se o dia amanhecer cinzento
Pegue seu lápis e
Pinte o céu de azul bem clarinho,
Invente um arco-íris multicor.
Use e abuse da sua imaginação.

Gabriel S F Mollica
" Grilo Falante"
01/11/05
*neto de Thais "Beijaflor"
Direitos @utorias Reservados

Lugar chamado sucesso

“Há uma curva chamada fracasso, um trevo chamado confusão,
quebra-molas chamados amigos,
faróis de advertência chamados família e pneus furados chamados empregos.
Mas se você tiver um estepe chamado determinação, um motor chamado perseverança,
um seguro chamado fé e um motorista chamado Jesus,
você chegará a um lugar chamado sucesso !!!!!”

domingo, 10 de julho de 2011

A Audácia é Má no Conselho e boa na Execução

A audácia é filha da ignorância e da rudeza, e muito inferior a todos os outros dons. Ela fascina, porém, atando-lhes os pés e as mãos, aos que são débeis de entendimento e falhos de coragem que formam a maioria; e prevalece até sobre os homens sábios nas horas da fraqueza. Por isso vemos que ela fez maravilhas nos Estados populares, menos do que nos governados por Senados ou por Príncipes; e muito mais ao primeiro arranco das pessoas audaciosas, do que depois, porque a audácia é má cumpridora de promessas.(...) Certamente aos homens de grande entendimento, os audacciosos dão um espectáculo de muito gozo; e até mesmo para o vulgo, a audácia não deixa de ser ridícula. Porque se o absurdo é o fundamento do riso não duvideis de que uma grande audácia raramente existe sem absurdo.
(...) Deve ser bem considerado que a audácia é sempre cega, para não ver os perigos e as inconveniências. Por isso ela é má no conselho e boa na execução; para bem aproveitar e utilizar as pessoas audacciosas é preciso que elas nunca estejam na chefia do comando, mas em segundo lugar, sob a direcção de outros. Porque no conselho é bom ver os perigos, e na execução é bom não os ver, excepto quando forem muito grandes.

Francis Bacon, in 'Ensaios - Da Audácia'

A Falsa Igualdade entre os Homens

Debaixo de toda a vida contemporânea encontra-se latente uma injustiça profunda e irritante: a falsa suposição da igualdade real entre os homens. Cada passo que damos entre eles mostra-nos tão evidentemente o contrário que cada caso é um tropeção doloroso.

Ortega y Gasset, in 'A Desumanização da Arte'

Só Sente Ansiedade pelo Futuro aquele cujo Presente é Vazio

O principal defeito da vida é ela estar sempre por completar, haver sempre algo a prolongar. Quem, todavia, quotidianamente der à própria vida "os últimos retoques" nunca se queixará de falta de tempo; em contrapartida, é da falta de tempo que provém o temor e o desejo do futuro, o que só serve para corroer a alma. Não há mais miserável situação do que vir a esta vida sem se saber qual o rumo a seguir nela; o espírito inquieto debate-se com o inelutável receio de saber quanto e como ainda nos resta para viver. Qual o modo de escapar a uma tal ansiedade? Há um apenas: que a nossa vida não se projecte para o futuro, mas se concentre em si mesma. Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio. Quando eu tiver pago tudo quanto devo a mim mesmo, quando o meu espírito, em perfeito equilíbrio, souber que me é indiferente viver um dia ou viver um século, então poderei olhar sobranceiramente todos os dias, todos os acontecimentos que me sobrevierem e pensar sorridentemente na longa passagem do tempo! Que espécie de perturbação nos poderá causar a variedade e instabilidade da vida humana se nós estivermos firmes perante a instabilidade? Apressa-te a viver, caro Lucílio, imagina que cada dia é uma vida completa. Quem formou assim o seu carácter, quem quotidianamente viveu uma vida completa, pode gozar de segurança; para quem vive de esperanças, pelo contrário, mesmo o dia seguinte lhe escapa, e depois vem a avidez de viver e o medo de morrer, medo desgraçado, e que mais não faz do que desgraçar tudo.

Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Onde encontrar Deus

Certo dia, um homem do povo desejou tornar-se santo. Ansiava encontrar Deus. Adentrou o quarto onde repousava a esposa e o filhinho, olhou-os uma derradeira vez e partiu. Ao cerrar a porta, uma voz íntima lhe disse: Não partas! É aqui que está Deus. Mas o homem não escutou.


Vagou por caminhos desconhecidos e buscou a Divindade em diversos templos. Na sua jornada, passou por lugares onde o incêndio devorara gulosamente as casas, e muitos seres suplicavam auxílio.

Estou aqui. Por que te afastas de mim? – clamou a voz na consciência. Contudo, o homem a sufocou.

Buscou o templo real, construído com milhões e milhões de moedas de ouro. Contemplou o rei e sua corte, genuflexos em ricas almofadas. Vibrou com a beleza e a arte do suntuoso local. Entretanto, por mais permanecesse ali, não sentia a alegria do convívio superior em sua alma. Sua busca não havia chegado ao fim.

Retornou às estradas poeirentas. Então, numa dobra do percurso, encontrou um homem sentado na relva. Ao seu redor se reuniam muitas pessoas como abelhas em torno de uma flor. O homem inquieto observou o outro com vagar. Durante horas, aquele ser ouviu a dor alheia, enxugou olhos lacrimejantes, limpou feridas, abraçou crianças, socorreu a fome da alma.

Vez ou outra, ante um quadro de maior aflição, retirava de um saco de viagem moedas, roupas ou medicamentos. Durante todo o tempo, falava da paz que é conquista, da paz que é proporcionada pela doação ao outro, pelo dever retamente cumprido.

A uma mulher que lhe confessou os dissabores no lar, ante o marido indiferente, ele recomendou maior dedicação no retorno ao lar. À outra que lhe confessava, envergonhada, os erros cometidos, no tocante à fidelidade, recordou as palavras do Sábio da Galiléia: Vai e não tornes a errar.

Finalmente, o homem inquieto se aproximou do outro, chamando-o santo, e indagou-lhe de como poderia encontrar Deus. Afinal, já se haviam dobrado os anos e ele nada conseguira, senão o acréscimo da angústia e da insatisfação!

Não sou santo – respondeu o outro. Apenas alguém que encontrou um Modelo e Guia e O segue. Falo do maior dos Mestres, Jesus. Seu ensino é de amor. Por isso, retorna ao teu lar, atende a tua esposa, educa teu filho. Socorre teu irmão.

Porque Deus se encontra no lavrador que rasga a terra dura e semeia. Deus está no operário que quebra pedras, abrindo veredas novas aos viandantes. Deus está em todos, nos dias de sol ou de chuva. Deus está onde está o homem, produto do Seu amor.

O homem ansioso voltou sobre os próprios passos, adentrou o lar, reencontrou e abraçou os seus deveres. Foi então que a voz tornou a se fazer ouvir: Estou aqui.Por que não me atendes?

Dessa vez, ele escutou e permitiu-se plenificar de felicidade. Sua busca chegara ao fim.

Sussurro de Deus

Conta-se que um amigo levou um índio para passear no centro de uma grande cidade. Seus olhos não conseguiam crer na altura dos edifícios e ele mal conseguia acompanhar o ritmo frenético das pessoas indo e vindo.

Espantava-se com o barulho ensurdecedor das sirenes, dos automóveis e das pessoas falando em voz alta.

De repente, o índio falou: Ouço um grilo...

O amigo espantado retrucou:

Impossível ouvir um inseto tão pequeno nesta confusão!

O índio insistiu que ouvia o cricrilar de um grilo. Tomou seu amigo pela mão e levou-o até um canteiro de plantas. Afastando as folhas, apontou para o pequeno inseto:

Como? Perguntou o rapaz, ainda sem crer.

O índio pediu-lhe algumas moedas e jogou-as na calçada. Quando elas caíram e se ouviu o tilintar do metal, muita gente se voltou:

Então o índio falou: Escutei o grilo porque os meus ouvidos estão acostumados com esse tipo de barulho. As pessoas aqui ouvem o dinheiro caindo no chão porque foram condicionadas a reagir a esse tipo de estímulo.

Depois arrematou: A gente ouve o que está acostumado ou treinado para ouvir.

É importante fazer algumas reflexões sobre os ensinos que essa pequena história contém.

Vivemos mergulhados numa infinidade de ruídos, de barulhos estranhos, num mundo em que grande parte das pessoas só responde ao estímulo de um tilintar de moedas.

É preciso adestrar nossa audição para ouvir os mínimos sussurros que passam despercebidos no dia-a-dia agitado.

Poderíamos dizer que, se tivéssemos ouvidos bem treinados poderíamos ouvir os sussurros de Deus.

Nesse mundo barulhento deixamos de ouvir sons de profunda beleza, como a melodia suave da brisa da manhã ou a sonoridade encantadora do bater das asas de um beija-flor.

Em meio a tantos interesses materialistas, a homenagem que as velhas e frondosas árvores rendem a cada amanhecer, com a canção da sua folhagem, não nos sensibiliza a audição.

O ritmo frenético em que vivemos não nos permite ouvir a cantoria dos pássaros, o coaxar das rãs, o piar da coruja solitária que busca refúgio nos grandes centros.

É preciso treinar a audição mas também desenvolver outras sensibilidades que por vezes parecem amortecidas.

Deixar que o nosso coração se enterneça diante do apelo silencioso de uma criança sem lar..

Do soluço abafado de alguém que perambula sem esperança...

De um pedido de socorro que não chega a vibrar nas cordas vocais...

Do gemido quase mudo que vem do leito de dor da casa vizinha...

Enfim, é preciso preparar todos os sentidos para que possamos ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. Mas, acima de tudo, um coração para sentir...

* * *

Ao abrir os olhos a cada manhã que se inicia, preste atenção em tudo o que Deus pretende lhe mostrar nesse dia.

Aguce os ouvidos para ouvir tudo o que Deus quer que você ouça.

Mas para que você possa bem cumprir os deveres que Deus lhe confia em mais este dia, é preciso alertar também a razão e deixar que o seu coração se sensibilize.

Afinal, para ouvir e sentir os sussurros de Deus, é necessário predispor-se com coragem e disposição e muita grandeza d'alma.